Por ROBERTO VIEIRA

19 de julho é o dia do futebol.

Culpa lá do Rio Grande.

Clube mais antigo do Brasil.

19 de julho é dia de mentalizar.

O que seria do Brasil sem o futebol?

Com certeza um país melhor.

Sem essa lenga lenga de Copa do Mundo e Brasileirão.

As crianças iriam se concentrar nos estudos.

Os pais iriam beber menos.

Ficar mais tempo em casa com a família.

Os políticos iriam aproveitar menos a boa fé do torcedor.

A grana das arenas seria transformada em hospitais.

A mufunfa da corrupção esportiva seria transformada em creches.

A maracutaia das confederações seria do povo.

Povo que poderia gastar o dinheiro com livros e jornais.

Indo pro cinema.

Curtindo uma paz sem torcidas organizadas.

O Brasil não seria pentacampeão do mundo.

Mas seria o campeão na ordem e progresso.

Ou não?

Será que nem tudo é tão fácil assim?

Botar a culpa no futebol de todas as nossas mazelas?

Tudo culpa do Pelé e do Garrincha?

Ou será que o Brasil teria se tornado um deserto insuportável.

Onde o roubo e a corrupção fossem haitianos?

Onde o pólo e o cricket fossem coqueluche nos clubes aristocráticos?

Enquanto os negros continuassem escravos descalços e mambembes?

Pois a única válvula de escape da pobreza estava fechada.

Mil vezes fechada pela falta de um gol?

Quem sabe a tal igualdade racial – mesmo que de fachada

não estivesse ainda mais distante de nossos sonhos?

19 de julho é o dia do futebol.

Dia da única oportunidade de sorriso na fome e miséria do século XX.

O futebol não é o ópio do povo.

O futebol é o gol brasileiro aos 45 minutos do segundo tempo.

Um gol salvador em um país gigantesco.

Aterrorizante.

Um país que sem o futebol.

Seria apenas mais um fantasmagórico navio negreiro…

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